Burnout: quando o corpo e a mente pedem pausa
- Joana Donati

- 31 de jul.
- 4 min de leitura

O que é a Síndrome de Burnout?
A Síndrome de Burnout é um estado de esgotamento físico e mental causado por situações crônicas de estresse relacionadas ao trabalho. Por isso, também é conhecida como “Síndrome do Esgotamento Profissional”.
Ela pode surgir quando a pessoa trabalha demais, não se identifica com as tarefas que realiza, tem pouca autonomia, sofre com injustiças ou se vê em um ambiente de trabalho que não compartilha dos seus valores. Com o tempo, esse cenário leva a um estresse contínuo que afeta não só a mente, mas também o corpo.
É comum que, num primeiro momento, a pessoa perceba um aumento de desempenho ao se dedicar mais. Ela pode pensar: “estou me esforçando mais, então estou rendendo melhor!”. No entanto, esse esforço constante sem descanso leva ao pico da performance e depois disso, começa a queda. O cansaço se instala, a produtividade diminui e a motivação desaparece. Muitas vezes, a pessoa só percebe que chegou ao limite quando já está vivendo o burnout.
Burnout é uma doença?
Embora não seja considerada uma “doença” no sentido tradicional, o burnout é uma condição de saúde mental séria, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e precisa ser tratada com atenção. Ele envolve a exaustão emocional, física e mental relacionada ao trabalho e está ligado a fatores individuais, organizacionais e sociais.
Burnout não é apenas frustração, é também a ausência de realização. A pessoa perde o prazer no que faz, sente que não é mais suficiente e começa a duvidar do seu valor.
Quais são as causas do Burnout?
Diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento da síndrome. Entre os principais, estão:
Estresse crônico: a exposição constante a situações desgastantes leva ao colapso físico e emocional.
Tensão emocional: viver sempre no limite cobra um alto preço do corpo e da mente.
Ambiente de trabalho tóxico: excesso de cobrança, conflitos, medo de demissão ou falta de reconhecimento aumentam o risco.
Carga excessiva de tarefas: demandas grandes em tempo reduzido, ou sem clareza do que se espera, sobrecarregam e esgotam.
Problemas financeiros: a sensação de não ser bem remunerado ou valorizado pode minar a motivação.
Falta de apoio emocional e reconhecimento: todos precisamos nos sentir valorizados. A ausência de acolhimento emocional aumenta o sofrimento.
Crenças pessoais e sociais: a ideia de que “descansar é perder tempo” ou que “sucesso é nunca parar” pode levar à autossabotagem.
Acúmulo de funções: muitas mulheres, por exemplo, acumulam trabalho profissional, tarefas domésticas e cuidados com a família, o que amplia o risco de esgotamento.
Relações interpessoais desgastantes: tanto no trabalho quanto na vida pessoal, relações difíceis ou falta de apoio emocional contribuem para o adoecimento.
Histórico de saúde mental: pessoas que já enfrentaram ansiedade, depressão ou burnout anteriormente podem estar mais vulneráveis.
Quais são os sintomas da Síndrome de Burnout?
Os sintomas podem variar, mas geralmente envolvem uma combinação de sinais físicos, emocionais e comportamentais, como:
Cansaço extremo: físico e mental, com sensação constante de exaustão.
Distanciamento emocional: frieza, irritabilidade, tristeza e perda da empatia nas relações.
Perda de produtividade: dificuldade de concentração, falhas de memória, desmotivação.
Sensação de fracasso: vergonha, autocrítica excessiva e sentimento de incompetência.
Desinteresse e desânimo: falta de vontade para realizar atividades que antes eram prazerosas.
Dores físicas: como dores de cabeça, musculares ou alterações gastrointestinais.
Problemas no sono: insônia, sono excessivo ou sono não reparador.
Alterações no apetite: tanto perda quanto aumento significativo de apetite.
Sintomas físicos de estresse: como pressão alta, batimentos acelerados, tensão muscular.
Isolamento social: distanciamento das relações pessoais e da vida social.
Os primeiros sinais costumam surgir aos poucos. Por isso, é importante estar atento aos sinais do corpo e das emoções. Reconhecer o que está sentindo é o primeiro passo para buscar ajuda.
Como é feito o tratamento?
O tratamento da Síndrome de Burnout envolve uma abordagem integrada e multidisciplinar:
Psicoterapia: ajuda no reconhecimento das causas e no desenvolvimento de estratégias para lidar com o estresse.
Medicamentos: em alguns casos, o uso de antidepressivos ou ansiolíticos pode ser indicado por um médico.
Mudanças no estilo de vida: estabelecer limites, organizar a rotina, dormir bem, se alimentar adequadamente e praticar exercícios físicos são medidas essenciais.
Redução da carga de trabalho: quando possível, reorganizar as demandas profissionais e estabelecer pausas durante o dia.
Apoio emocional: contar com uma rede de apoio (amigos, familiares, colegas de trabalho) faz diferença no processo de recuperação.
Hobbies e lazer: incluir na rotina atividades que tragam prazer, leveza e descontração.
Burnout tem tratamento. Com o suporte certo, é possível se recuperar e reconstruir uma vida com mais equilíbrio e sentido.
Prevenção
Prevenir o burnout é mais eficaz do que tratar suas consequências. Algumas práticas podem ajudar:
Estabeleça limites claros entre o trabalho e a vida pessoal.
Reserve tempo para si mesmo: descanso, lazer, autocuidado.
Pratique atividades físicas e adote uma rotina saudável.
Fique atento aos sinais de estresse crônico.
Fale sobre o que sente. Conversar é essencial.
Organize sua agenda priorizando o que realmente importa (comece protegendo suas horas de sono).
Evite romantizar o excesso de trabalho. Descansar não é fraqueza é necessidade humana.
Nem todo mundo tem o trabalho dos sonhos e está tudo bem. Mas ninguém deve perder a própria saúde ou autoestima por causa dele. Seu valor vai além da sua produtividade.
Qual é o papel das empresas na prevenção do Burnout?
O Burnout não é responsabilidade apenas do indivíduo. As organizações têm um papel fundamental na promoção da saúde mental no ambiente de trabalho. Isso inclui:
Promover ambientes mais humanos e colaborativos.
Reconhecer e acolher colaboradores que estejam sofrendo.
Incentivar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Oferecer suporte psicológico (seja interno ou incentivando o acesso externo).
Estimular uma cultura de escuta, respeito e feedback construtivo.
Mais do que produtividade, as empresas precisam olhar para as pessoas. Cuidar da saúde mental é cuidar da vida.
Vamos conversar?
Se você se reconheceu em alguns dos sintomas descritos neste artigo, saiba que não está sozinho e, mais importante ainda, existe ajuda disponível.
A psicoterapia é um espaço seguro onde você pode falar sobre o que sente sem julgamentos, entender melhor as causas do seu esgotamento e reconstruir uma relação mais saudável com sua rotina, suas emoções e seus limites.
Se você está pronto para começar esse processo de cuidado e transformação, entre em contato comigo. Será um prazer caminhar ao seu lado nesse recomeço.



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